sábado, 29 de dezembro de 2007

Novo endereço









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Mudei-me para o Wordpress.

Meu novo endereço é

www.urbebandida.wordpress.com

Obrigada!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O mundo está falando. Você está ouvindo?

O título deste post é o slogan do site Global Voices, que reúne artigos de pessoas de todos os cantos do mundo. Dentre os países representados, quero destacar um: Paquistão, o que está hoje na capa dos jornais por conta do assassinato da ex-primeira ministra e líder política Benazir Bhutto. Na quele país, o presidente Pervez Musharraf impôs grandes restrições à prática do jornalismo. Para não se calar, o povo fala através de blogs - são esses os principais veículos de notícias do país. Mesmo assim, os censores encontraram uma forma de agir contra as vozes e bloquearam o IP de sites provedores de blogs como o Blogspot - este de que me utilizo. Felizmente, a ação pôde ser revertida pelo grupo que gerencia o site, Google Inc., que modificou o IP de forma que os blogs sejam novamente acessados.

A força de vontade do povo paquistanês me fez ponderar. Quando nos encontramos em situações de emergência, conseguimos nos superar utilizando as mais variadas ferramentas que tivermos nas mãos. Enquanto a maioria de nós utiliza o blog para dividir nossos pensamentos subjetivos e afagar nossa vaidade e amor próprio, povos injustiçados como o do Paquistão expressam sua indignação e protesto. A Imprensa é mesmo um poder muito machucado...

Confira os blogs Don't Block the Blog e Teeth Maestro, que tratam de assuntos do Paquistão, dentre eles a questão da censura à imprensa.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

No balanço da CPMF

A Contribuição Provisória [que estava à beira do Permanente] por Movimentação Financeira [a famigerada CPMF] chegou a seu fim, mas não a repercussão sobre as conseqüências. O Governo, pelo que indicam as falas dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Paulo Bernardo, e do próprio presidente Lula, não sabem o que fazer para compensar a tal perda dos R$ 40 bilhões. Todo dia, surge um dizendo alguma coisa.

Guido Mantega disse que seria necessário criar um novo tributo parecido com a CPMF e acabou sendo repreendido por Lula - para ele, isso foi invenção dos jornais, mas o que se interpretaria quando o presidente da República diz que "ele vai ter de me convencer da necessidade disso. Ele falou para vocês (jornalistas) e agora vai ter de colocar na minha mesa" e que "não existe nenhuma razão para que alguém faça a loucura de tentar aumentar a carga tributária"?

De fato, todo mundo cairia em cima rasgando tudo! De um lado, houve o egoísmo da oposição em se mobilizar e derrubar a aprovação do tributo - não tinha nada a ver com livrar a população de uma das facadas que o Governo dá no nosso bolso, mas sim com a sensação de dar um golpe na situação -, de outro, a responsabilidade do Governo de rever as contas e cortar gastos. Sugiro que esse corte comece pelo salário dos parlamentares e pelos benefícios ridículos a que eles têm direito. Espero, embora R$ 40 bilhões vão fazer uma falta danada, que se tenha a oportunidade de se olhar o orçamento com mais lucidez.


domingo, 16 de dezembro de 2007

Vamos parar para ouvir a voz do Centro

Fui ao Centro da cidade ontem à tarde com minha mãe. Sempre que se vai ao Centro, algo precisa ser adquirido, na maioria das vezes; comigo não foi diferente. Período de Natal e aquela confusão. Confraternização mesmo só em casa, com roupa nova e ceia com peru e coca-cola. Nas ruas do Centro, a lei é passar na frente pra chegar logo na C&A, acotovelar as pessoas e esculhambar aquelas que ficam estateladas no meio da rua, seja tomando casquinha do Duda's Burger [que custa R$ 0,99 e é uma droga] ou namorando as TVs de LCD nas vitrines da Insinuante.

Eu e minha mãe passamos um pouco longe dessas intenções - muito embora a rainha do meu lar, aqui e alí, parasse para ver o preço dos DVDs. Fomos na rua Pedro Pereira, famosa por suas lojas de artigos eletrônicos, comprar a bateria do telefone sem fio. Aproveitei para inaugurar meu cartão de crédito novo [artigo maldito que acaba com as nossas finanças, mas que já me tirou do sufoco no paranóico aeroporto de Heathrow, em Londres].

Mãe teve que resolver outros problemas e me largou sozinha no Centro. Confesso que fui namorar as câmeras digitais, mas numa rua menos movimentada, para não ser alvo das pragas do povo, e comprar chinelo de dedo de R$ 10 naquelas lojas de calçados da Floriano Peixoto. Novamente, saco a arma mais perigosa da minha bolsa: o cartão - a essas alturas, sem peso na consciência. Depois, fui comprar um mini dicionário de português, porque todo jornalista que se preza tem que estar em dia com a língua materna.

Com minhas sacolinhas, fui para a Praça do Ferreira. Eram quase duas da tarde e eu procurava um lugar à sombra para sentar. Os bancos da praça estavam lotados, entre quem, atufalhado de pacotes, parou para descansar e quem jogava conversa fora. Quando encontrei espaço, sentei e parei de pensar. Sozinha, não tinha livro para ler e achei por bem [não por precaução] não pegar o mp3. Simplesmente, achei melhor ficar ouvindo o Centro. O arrastar das chinelas no chão de pedra e o farfalhar das sacolas de compras eram constantes. Meninos e homens nos olhavam nos olhos de quando em vez, seja pedindo uma ajuda ou vendendo marujinho.

As duas amigas do meu lado conversavam sobre a despedida de uma delas - chamada Cecília, a propósito - do emprego. Os dois vendedores da Insinuante, do outro lado, fofocavam do amigo que namorava uma garota só porque ela o sustentava. "Eu só namoro uma menina se eu achá-la bonita e interessante", disse um deles, orgulhoso de sua índole. Também falavam mal de um pedinte, que sempre fica deitado sobre um pedaço de papelão enfrente ao Cine São Luiz, hoje SESC Luis Severiano Ribeiro, julgando-o mentiroso e farsante.

Naquele banco lotado, fiz-me de invisível para observar as pessoas que cruzavam a praça - gente de todos os jeitos -, todas tão donas de si, tão preocupadas com as compras de fim de ano que nem se davam conta de uma necessidade importante, que é a de falar e ouvir. Disso, toda cidade é diversa e, às vezes, a gente nem se toca.

Esqueçamos o barulho das sacolas e a zuada das lojas. Vamos parar para sentar nos bancos da Praça do Ferreira e falar da nossa rotina, das coisas que estão à nossa volta. Elas fazem parte de nós. O Natal passa, a correria passa, as roupas e sapatos se estragam. E nossa alma, como fica?